A VI Jornada Catarinense da Mulher Advogada, realizada quinta (5) e sexta-feira (6) em Joinville, proporcionou um profundo exame do papel da mulher em seu ambiente de trabalho, do machismo ainda existente no Brasil, e das estratégias que precisam ser adotadas para que se tenha uma sociedade mais diversa.
A juíza Quitéria Tamanini, que abordou o tema "A Habilidade Pacificadora da Mulher Advogada", acredita no poder da conciliação. "Eu buscava eficiência e hoje compreendo que é preciso ter mais humanidade na resolução de conflitos. É preciso observar, falar dos sentimentos, ouvir os interesses, identificar os pedidos para que as pessoas se reconciliem. E o papel da mulher, diante disso, é importantíssimo. As pessoas devem ser mais solidárias quando estão uma diante da outra. Precisamos ser agentes da paz", A mesa foi presidida pela presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/SC, Luciane Mortari.
Advogada e Doutora em Direito Penal, a catarinense Alice Bianchini, que há 20 anos atua em São Paulo, alertou sobre a desigualdade entre os gêneros, que provoca maior índice de violência. E, que no Brasil, ainda há muito que fazer para que a desigualdade entre homens e mulheres diminua. “É necessário que a mulher apure o olhar e não reproduza atos machistas, que ainda impregnam a sociedade”.
Com exemplos de publicações na mídia, e do que acontece em diversos níveis sociais, jurídicos e políticos, fez um breve histórico das diferenças existentes no tratamento entre homens e mulheres. E alerta: “no ritmo em que estamos, a passos de tartaruga, os mais otimistas acreditam que chegaremos a uma sociedade mais igualitária em 95 anos. Os menos otimistas falam em dois séculos”. Quem presidiu a mesa, que teve como tema “Os Direitos das Mulheres: Microviolências e Micromachismos”, foi a vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada, Alliny Burich.
Presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Eduarda Mourão concluiu as palestras da manhã de sexta-feira falando de sua emoção quando o presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia, convidou a conselheira catarinense Sandra Krieger para representá-lo no Conselho Nacional do Ministério Público. “Este é um exemplo importante do que podemos fazer, mostra que estamos conquistando nosso espaço”, afirmou. Eduarda Mourão abordou o tema “O Poder do Agir da Advogada Contemporânea”.
Eduarda admitiu que ainda há muito o que fazer para que as mulheres ocupem mais espaços em cargos de poder da OAB. Disse que em suas viagens pelo Brasil consegue perceber as diferenças no comportamento das mulheres de cada região, mas que, de modo geral, todas vêm trabalhando com criatividade. "Nascemos com poder, mas ainda sob influência do machismo. Precisamos nos unir, auxiliar umas às outras, trocar informações sobre o trabalho, exercer nosso poder, que muitas vezes é esquecido. O patriarcado ainda existe no Brasil e é importante lutar pela igualdade de gênero para o desenvolvimento do País. As cotas são importantes, mas precisamos lutar por espaços. Por ceder tanto, apesar de maioria, somos tratadas como minoria. É preciso competência emocional, estratégia, classe, inteligência e prudência, e não podemos recuar”. A mesa foi presidida pela Diretora da Seccional, Cláudia Prudêncio.
Assessoria de Comunicação da OAB/SC